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Foto do escritorTonne de Andrade

Sobre a repressão

O vento me acordou

beijando delicadamente

minhas faces coradas

e enviando suaves tecidos brancos

retirarem as lágrimas

que os lençóis não puderam beber

Fora um sonho e nada mais


Até que tentei me erguer

e meus braços fraquejaram

e minhas pernas pesaram

como o sono quando abate as crianças

Não fora um sonho,

lembrança em forma de pesadelo


Quando homens cinzentos

Escondendo olhares vazios

Sob capacetes irreluzentes

Avançaram com seus compridos

e duros braços implacáveis

afastando do caminho

o tapete vermelho

sobre o qual todos poderiam pisar


E os homens cinzentos prosseguiram,

marionetes de homens verdes

que mal conseguem andar

tão pesados são seus bolsos


É esta a hora do despertar

e por isso veio o vento me lembrar

que contamos sempre

com sua ajuda

para nossas bandeiras elevar

e que após triste chuva

no arco-íris

o vermelho sempre vibrará


Sobre a repressão ao carro da Conlutas na Parada Gay de 2008 - 26/05/08

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