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Melodia libertina - Primeiros poemas

 

Desde criança sempre gostei de brincar de escrever e dizia que queria ser escrevedora e poesista. Melodia libertina é o projeto do primeiro livro em que organizei meus poemas, e que pretendo publicar em breve no formato e-book. Meu sonho, obviamente, é publicar um livro em papel, mas por enquanto você pode ler meus poemas aqui e na minha página no Facebook:

 

www.facebook.com/tonnedeandradepoetisa

Poemas de 2004

Na água

 

Dentro da água

Há um lugar

Atrás da cachoeira

Outro lugar

Um mundo mais belo

De água meu lar

Água sagrada

Para lavar

Mágoas e dores

Um mundo belo

Nesse espelho

Pedras com limo

Peixes coloridos

Espuma de sal

Ondas de vida

Correnteza de amor

Água quente

Que acalma a alma

Afogar-me em beleza

 

 Rosa azul

 

Em meio aos prados verdejantes

E às muitas rosas

Uma delas se destaca

Em meio às rosas cor-de-rosa

E as vermelhas de paixão

Em meio às rosas brancas de paz

E as amarelas de alegria

No meio desse florido

A rosa azul desabrocha

Pétalas de carinhos

Beleza entre espinhos

Folhas verdes feito grama

Pétalas da cor do céu

Com aroma de mar

De mar sob o luar

Aroma que o vento espalha

Sobre todos os outros

Aroma de praia prateada

De lua cintilante

A rosa azul

É a estrela mais brilhante

Do campo florido

 

Visão indígena

 

Já vi uma fogueira

E sei o que é o fogo

Aprendi a pescar com meu pai

E dividi os peixes com a tribo

Sei o que é alimento

E o que é família

Já subi nas árvores

Com meus amigos

Colhi frutas e comi no pé

Sei o que é amizade

Já nadei na cachoeira

E sei o que é água

Já olhei o céu estrelado

Numa praia

Só ouvindo o mar

Sei o que é infinito

E gosto de mim e de estar comigo

Já vi tempestade

E conheço o poder da natureza

Já ouvi histórias que os avós contam

Sei o que é tradição e sonho

Já vi o homem branco

Sei o que é destruição

Já vi o nascer do sol

E sei o que é esperança

Poemas de 2003

No fundo

 

Mundo mau

Vida pior

Caindo

Arrastando os dias

Seguindo

Como se não fosse nada

Futuro que assusta

Passado que entristece

Erros

E a gente segue

Parece que já não dá

A corda vai arrebentar

Falta tudo

 

            26/08/2003

 

Canção

 

Presente vai passar

E com ele tudo levar

Às vezes o silêncio é o inferno

A solidão não vem só

Com ela vem a tristeza

Mas se você tiver a si

Sorria pra não chorar

Se você puder ver

Use os olhos pra enxergar

Que a vida pode ser boa

Quem sabe às vezes

Podemos mudar

Talvez o fato de estar aqui

É sempre bom sorrir

Se o sol nascer amanhã

Quero estar aqui

Se não estiver

Agora só vou sorrir

 

 

A filha da floresta

 

A água mata o fogo

Mas ao queimar a mata

É o fogo quem mata a água

Lágrimas que se convertem em línguas

Línguas de fogo são famintas

Engolem tudo sem nem ver

O canto do vento

A voz dos pássaros

Tudo calado

Só o triste grito das árvores

Expresso pelo estalido

De todas as plantas

Se contorcendo de dor

 

                     Março/2004

Poemas de 2004

Amor que é amor

 

Amor que é amor

Amor não tem cor

Pode ser branco,

Pode ser negro

Amor sem preconceito

Porque amor não tem conceito

Amor de amigo

Amor colorido

Amor nem sempre é ter

Mas é sempre querer

Amor nem sempre se recebe

Mas não se pode exigir

Amor não é só cinema

Amor também tem problema

Amor não é só corpo

Amor não é só alma

Pode ser algo que une tudo

Ou pode ser sem compromisso

Amor não é só poesia

Amor companheiro

Sempre preocupado

Amor é cuidado

Que não pode ser explicado

Amor eterno

Amor de um momento

Amor às vezes é lamento

Amor que faz bobeira

Amor tonteia

Amor não morre

Mas amor muda

Muda você, a mim

Ou o mundo inteiro

Só porque é amor

 

 

Adolescência

 

As mudanças vêm

E eu não vejo mais ninguém

É difícil, estranho e confuso também

Experiências novas

E fazer viver

Não dá pra entender

E chorar e doer

E rir e cantar

Hormônios em fúria,

Tudo uma loucura

Sentimentos novos

Idéias velhas

Tenho que correr

Tempestade que se forma

No coração

Num dia monstro

No outro sou demais

Tanto a fazer,

Tão pouco tempo

Só vinte e quatros horas

Pra viver

Tantos erros

Vou explodir

Sou uma bomba de adolescência

Vou dormir

De manhã tá tudo bem

Quero quebrar o espelho

Fugir de casa

Ser livre

Mudar o mundo

Meus amigos estão aqui

Tenho que aguentar

Poemas de 2002

Pesadelos

 

Atormenta meus sonhos

Você tão longe

Um sonho, doce e distante

Um pesadelo, amargo e próximo

Perto e longe

Incógnita do sono

Lembrança aterrorizante

Solidão noturna

Sua ausência é a triste sina

(que secretamente adoro)

Toda noite ao deitar

Pensando se com você

vou sonhar

 

Beijo tempestade

 

A chuva

Morna alegria

A chuva

está tocando nossa música

Olho pela janela

Minha alma está contigo

Sua alma está comigo?

Não há palavras em língua alguma

Nem na minha, nem na sua

O vento balança as árvores

Você balançou a mim

Um trovão

Meu coração disparou

Um raio

Um relâmpago e seu clarão

Você chegou

Vou te receber com meu beijo

(se ele fosse a chuva,

já teríamos uma tempestade)

 

Lago que reluz

 

O sol brilha e reluz no lago

A lua cheia (de amor ou tristeza?)

Reluz no lago

O lago não brilha por si só

Ora dourado, ora prateado

Ora tem nossa cara

Cada vez uma nova forma

Cheio de mistérios

Além da água, outras coisas

Algo mágico

Flui na correnteza inexistente

Talvez algo trágico

Ou nem seja nada na calmaria

Na verdade,

É o que cada um reluz no lago

 

Quando eu tinha uns treze anos minha professora de português me incentivou a organizar o que eu escrevia e comecei a guardar meus poemas e organizá-los numa pasta. Meus poemas do início da adolescência são bastante imaturos, tanto do ponto de vista da técnica quanto do conteúdo. Ainda assim são parte importante da minha história e é por isso que adoro o e-book 'Melodia libertina'.

Meus primeiros poemas são de 2002 e a maioria deles não têm uma datação precisa antes de 2005, que foi quando comecei a me preocupar mais com a organização por ordem cronológica, que é como os organizo até hoje. 

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