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Foto do escritorTonne de Andrade

(sem título) Tem esse gosto


#pratodosverem: quadrado com foto de um tornado. Por cima, trecho do poema se seguir:


Tem esse gosto incômodo

habitando minha garganta

preso no meio do caminho

entre o ar que respiro

e o ar que repara


Tem esse meu olhar perdido

no infinito do cômodo fechado

com um pouco daquele desejo aflito

de sair para o que não é esperado

e ficar no que é escondido


Me perdoe se minhas palavras

saem rasgando essas paredes

feitas de fibra e carne

Dói falar e eu acho, e você acha,

ainda que às vezes discordemos,

que eu não penso antes de falar


E enquanto estou andando

entre multidões agonizantes, agonizando,

e aquele calor sobe do chão

e aquele calor sobe de dentro,

barrando meu caminho,

barrando minhas palavras

Parece que não sei pra onde estou indo:

ando perdida, correndo e parando


E na verdade, não sei onde estou,

mas sei que não estou perdida


É só que tem algo acorrentado

por minhas cordas vocais

Como se minha língua tivesse se tornado

a forca de algum segredo

ou mandado alguma palavra para o degredo

dentro de um tornado

que agora gira o ar que está parado

na minha garganta...


26/05/2009


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