Ela ficava deitada qual Esfinge,
guardiã do lar,
aguardando a dona retornar
E quando chegávamos
com pulos e lambidas
nos vinha saudar
Agora, saudades sentimos
quando ao entrar na mesma casa
não há mais essa criança
e suas quatro patas
prontas para comemorar
A porta ficará desprotegida
e não haverá mais
a caminhada de domingo
Na noite em que se foi
estava o céu negro como seu pêlo
e o ar fresco como seus latidos
nos chamando pra correr
Quem nos fará companhia
quando os humanos não se compreendem?
Quem me fará espirrar?
Quem virá nos pedir comida?
Ou trazer a bolinha para brincar?
Não há céu para os humanos
e eles nem o merecem,
mas deve haver sim um céu
para cachorras como você
i.m. Cléo, a cocker spaniel da Nany, 29/12/2007