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Foto do escritorTonne de Andrade

A falsidade e a brisa


É tudo falso

Esta é a sentença

Basta ver a efemeridade

das nossas vidas,

nossas histórias,

nossas emoções,

os castelos e as glórias

Se é tudo falso

e passageiro

deixa passar a verdade,

deixa o tempo levá-la

Que o tempo leva tudo

menos as pirâmides

Será isto verdade?

Não,

as areias cobrem a Esfinge

e na verdade tudo o que resta

é o mistério da mentira

É tudo falso

Sejamos também nós

Sejamos efêmeros,

breves e intensos

como o temporal

Sejamos palpáveis e belos

como o arco-íris

Sejamos altos e imponentes

como a Torre de Babel

sempre tentando alcançar o céu

buscando no azul infinito

algo em que nos apoiar

Buscando incessantemente

vencer o esquecimento

Construir algo tão inimaginável

que ainda não imaginamos

o que não pode ser destruído

E até as estrelas explodirão

cobrindo com fogos de artifício

o fim do Universo

E nós querendo a estabilidade

Não existe eternidade

Nos perdemos em pensamentos,

tentando explicar

de onde tudo veio

e para onde tudo vai

Mas é tudo falso

Tudo é belo

Como a manhã que vira crepúsculo,

como flor que seca,

moça que envelhece

Percebamos a única verdade

de que não há verdades

E então poderemos sonhar

e entender que os sonhos

são mais reais e duráveis

que uma eternidade

O poeta passa horas

brincando com palavras

Elas são eternas

quando jogadas ao vento

vão virando brisa

que atravessa anos e oceanos

É o vento a palavra única

que todas as pessoas falam e ouvem

e é o vento que passa...

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