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... (três pontos)

  • Foto do escritor: Tonne de Andrade
    Tonne de Andrade
  • 29 de ago. de 2018
  • 1 min de leitura

Quero quebrar a cara

no chão de concreto,

na poesia concreta

que se concretiza tão surreal

à frente de minhas mãos

que tentam escrever

e só rabiscam

Quero voar veloz como o pensamento,

esquecer depressa com o sentimento

Conhecer mil coisas ao mesmo tempo

Abrir minha boca

e beber um gole de vento

Sentir o sabor do suor,

do sangue e do pior

Poder dizer coisas novas

com as mesmas palavras

E no entanto, quase me mato

no mesmo tédio e vazio

de quem vive a buscar

algo que não sabe se existe

E tudo o que me motiva

é fazer o verso perfeito

Aquele que diga tudo o que me cala

Aquele que rasga o papel,

que rasga minha alma

Que com o cortante da minha voz muda,

fere e cicatriza

Amansar as feras na minha mente

e fazer aquele que não sente

querer voar comigo

além de todas as coisas sensatas,

os números e alegrias exatas

Eu paro à janela,

perco meu olhar tentando

Ver dentro de mim

buscando as palavras que digam

todas as coisas que nunca vi, senti

O sonho de todo poeta

é a cada instante se renovar

E eu, só fico aqui a rabiscar

gastando tinta e árvores,

soltando devaneios, amores,

dúvidas e temores

Gastando vida e tempo,

sonhos e loucuras

Sem desistir de alcançar

novos dizeres,

novos amores,

novos calares,

novos amares

Tentando achar o verso final,

o termo que me libertará

e enfim correr e pela janelar voar

e um mundo novo descobrir

pra além de onde o vento me levar,

Num doce devaneio me fazer sonhar

E como este poema eu não consigo findar

seu último verso serão três pontos,

que não são finais,

são infinitos

...

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