Rosa negra
I
Quando você me deixou
tudo o que me restou
foi uma semente de rosa
que desabrochou
nas feridas férteis
de meu coração
E um botão de rosa negra
se abriu em solidão
De espinhos ferinos cerquei-me
Eu não mais chorava
eu só sangrava
por dentro das mágoas em mim
Você me deixou
tão só, tão sozinha
Toda ferida
com meus espinhos
também magoei
Uma rosa negra me tornei.
tão amarga de seu amor
Uma rosa negra
é mulher ferida
Quando se ama, se dá rosas
Quando se vai, sobram rosas
Rosas, Paulas e Anas murchas
Marias, Claras e Joanas frias
II
Uma rosa negra
Nas campinas sussurrantes
Nas campinas urrantes
Um aroma de cemitério
Já fui uma rosa viva
O vermelho é o sangue
Faces brancas
como pétalas mortas
Hoje sou uma rosa negra
da cor da noite abafada
que abafa meus gritos
E as estrelas são o cintilar
das lágrimas em meus olhos
Meus olhos negros
de negras pupilas
que se dilatam com a escuridão
Rosácea,
negra.