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II - Os horizontes histórico-culturais mesoamericanos

  • Tawnne de Andrade
  • 22 de jun. de 2015
  • 5 min de leitura

Os astecas (mexicas) aparecem num período mais recente, poucos séculos antes da chegada dos espanhóis na América, porém a história dos povos da região é antiga. Assim, cabe pensarmos as continuidades e rupturas, as transformações que aconteceram.


  • Olmecas

  • Cidades/sítios arqueológicos mais importantes: San Lorenzo (1.200 a.C. - 900 a.C), La Venta (900 a.C. - 400 a.C.) e Três Zapotes

  • Não foram os primeiros a povoar a região da Mesoamérica (o primeiro povoamento se deu entre 15 e 10 mil anos atrás), mas os olmecas foram os primeiros a construir centros cerimoniais e arquitetura monumental. Por isso, são considerados como uma ‘cultura mãe’ dos mesoamericanos. Também desenvolveram uma cerâmica complexa.

  • A palavra olmeca deriva da palavra ollin, que significa látex/ borracha, mas esse termo era muito importante, pois era também o conceito de movimento.

  • Os olmecas habitavam a região do atual estado de Veracruz, próximo ao Golfo do México. Eles expandiram redes comerciais de diversos produtos (obsidiana, plumas, jade, milho) e se inter-relacionavam com outros povos, como os zapotecas que viviam mais ao sul.

  • São o primeiro exemplo que temos na Mesoamérica de sociedades estatais e com diferença entre classes sociais, os pipiltin (‘nobres’, ‘elite’) e os macehualli (‘camponeses’, ‘pagadores de tributos’).

  • Podemos perceber a diferenciação social através dos estudos arqueológicos dos rituais fúnebres: a partir de um certo período a forma e objetos com quais alguns membros da sociedade eram enterrados passaram a ser diferentes, denotando maior importância na escala hierárquica daquela sociedade.

  • Os primeiros registros escritos que possuímos são deles: gravados em estelas de pedra, os mais antigos datam de 600-500 a.C. Mas sobreviveram poucos registros.


  • Zapotecas:

  • Cidades/sítios arqueológicos mais importantes: San José Magote, e Monte Alban (1.200 a.C. - 500 a.C.)

  • Viviam na região que hoje é o estado de Oaxaca.

  • Suas construções passam de centros cerimoniais para cidades. Em seu auge Monte Alban teve cerca de 15 mil habitantes. As cidades apresentam uma praça central e campo de pelota (jogo de bola).

  • Sobreviveram mais registros de escrita e calendário entre eles.


  • Temos uma periodização própria para estudar cada fase da Mesoamérica (já que as periodizações que utilizamos para estudar a Europa, por exemplo, não são aplicáveis aqui):

  • Período Pré-Clássico = 1.500 a.C. a 200 d.C. = surgimento das primeiras cidades, registros escritos, agricultura sistemática, Estado, diferenciação social.

  • Período Clássico = 200 d.C. a 800 d.C = período de auge de centros como Teotihuacan

  • Período Pós-Clássico = 800 a 1519

  • Período colonial = a partir da chegada dos espanhóis


  • Teotihuacan:

  • 200 a.C. a 650 d.C. (estima-se que nesse período chegou a ter 150 mil habitantes)

  • foi a cidade mais importante do Período Clássico

  • apresenta um grande desenvolvimento urbano e arquitetônico, com a construção das pirâmides escalonadas (em degraus ou patamares)

  • Pode ser considerada uma metrópole da região e durante seu auge foi um importante centro religioso, desempenhando um papel de centralidade na política regional.

  • A importância que acidade de teotihuacan teve no período Clássico se reflete em como essa cidade marca a história e cosmogonia dos povos mesoamericanos que viveram no período Pós-Clássico.

  • Em Teotihuacan não encontramos estelas de pedra como em outras cidades, ali as inscrições eram feitas através de pinturas murais imensas nas pirâmides. Há menos uso da escrita e maior uso da imagem (iconografia). Essas pinturas na parte externa das construções não sobreviveram à ação do tempo, mas foram encontradas pinturas quase intactas na parte interna das construções e nas tumbas. As construções em pedra eram revestidas com estuque e pintadas, com a própria ação do vento e da chuva, exigiam um retoque constante.

  • O significado que uma imagem possui para uma sociedade não está nela simplesmente. É necessário analisarmos o suporte em que ela está, quem tem acesso, qual o seu uso: são públicas? Políticas? Religiosas?

  • Se pensarmos nas grandes pinturas murais de Teotihuacan, há um uso social delas, estavam em lugares visíveis, públicos, numa cidade de grande circulação de diferentes povos da região que se comunicavam entre si.


  • Maias:

  • região leste do atual México: península de Yucatán e estado de Chiapas, ao sul; Belize, Guatemala, parte de El Salvador e Honduras.

  • A região maia difere bastante na forma de organização política como se desenvolveu, com menor centralização de uma única cidade-estado, maior multiplicidade de pequenos reinos relacionados através de confederações em torno a uma cidade cabeceira.

  • Existe toda uma mistificação em torno aos maias, por um conjunto de cidades antigas que não eram mais habitadas quando os espanhóis chegaram na região. Muitos programas sensacionalistas gostam de tratar do assunto como um mistério do desaparecimento dos maias e das cidades abandonadas. Temos que ficar muito atentos a esse tipo de abordagem, que é pouco científica e geralmente feita por jornalistas e não historiadores.

  • A questão é que nenhuma cidade/ povo/ sociedade dura para sempre, ou ao menos, não da mesma forma. Ocorrem transformações o tempo todo, e os povos mesoamericanos têm um história antes da Conquista espanhola. Estudos mais cuidadosos percebem que os maias não desapareceram misteriosamente, mas num determinado período, no final do Clássico, deixaram de habitar em grandes centros urbanos e passaram a se dividir em comunidades menores em outras áreas com terras mais férteis.

  • As razões para isso podem ser várias, e é difícil que haja um único fator que tenha movido uma quantidade tão grande de pessoas a se deslocar, mas podemos listar algumas coisas: conflitos sociais e crises políticas causadas por um aumento da desigualdade social, esgotamento após um período prolongado de guerras entre várias cidades, esgotamento do solo para agricultura ou alterações climáticas, ou todas as alternativas juntas…

  • Por isso não podemos confundir o abandono de uma cidade ou centro cerimonial com o fim de um povo. Ao invés de falarmos em colapso e desaparecimento, estamos tratando de crises e transformações. Ainda hoje no México existem cerca de 1,5 milhão de maias e 800 mil mixtecos.

  • Cidades importantes dos maias: Izapa (600 a.C.), Labná, Cobá, Uxmal, Mayapan, Tulun, Edzná, Palenque. Chichén Itzá (até 1250 d.C). Houve dezenas de reinos no período pós-clássico. Cada um deses grupos possuía línguas e características diferentes. Algumas cidades chegavam a ter entre 30 e 40 mil habitantes.

  • A arquitetura maia difere das construções de outras regiões, o que fica nítido no tipo de pirâmides escalonadas que construíam: eram mais finas e verticalizadas do que as de teotihuacan, por exemplo.

  • Havia uma constante tensão entre as cidades subordinadas e as cidades cabeceira, além dos conflitos entre as próprias cidades cabeceira. Foi justamente durante o século VIII que ocorreram os maiores conflitos, podemos notar maior monumentalidade nas construções dessa época, maior produção de estelas e uma característica que chama a tenção: a população era mais baixa, o que indica que nesse período a alimentação piorou e que as pessoas provavelmente faziam mais trabalhos pesados. É nesse período que surgem indícios de rebeliões populares e as migrações dessa população dos grandes centros urbanos em conflito para outras regiões.

 
 
 

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